quinta-feira, 26 de novembro de 2009

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Disputatio

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Serão o livre-arbítrio e a consciência atributos exclusivos dos seres humanos?
E dos outros animais, não?
E será possível vir a reproduzi-los nos autómatos?
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Ao debate!

3 comentários:

André Ferreira disse...

Quando lidas as questões surge a necessidade de respostas sobre: o que é o livre-arbítrio? O que é a consciência?

Segundo o Dicionário Escolar de Filosofia o livre-arbítrio é "a capacidade para fazer escolhas. (...)".
"Consciência – termo polissémico. Usa-se habitualmente para significar o conhecimento directo que cada um tem das suas próprias experiências, isto é, para designar o auto-conhecimento do que ocorre na subjectividade a que cada um tem um acesso imediato (auto-consciência)."Alves, F., Arêdes J. & Carvalho J. (2007:9)

John Gray, n'A Morte da Utopia e o Regresso das Religiões Apocalípticas, ao dissertar sobre os conceitos supracitados questiona "porquê presumir que tais atributos são exclusivamente humanos?" continuando o pensamento depõe que "ao tomar como adquirida uma diferença categorial entre seres humanos e outros animais, esses racionalistas mostram que o seu ponto de vista do mundo foi formado pela fé.".

Tomando agora a liberdade de opinar, demonstro concordância com a afirmação de John Gray. Penso que não há motivo aparente para tais atributos serem atribuídos apenas a seres humanos pois os animais não-humanos demonstram, por vezes, em manifestações, algumas simples, mais consciência e capacidade de escolha que alguns humanos.

Convenhamos, os seres humanos, aqueles que tem poder de decisão e consciência, decerto que não foi algo conato, embora possa existir um tendência natural que predisponha esse ser como mais responsável, com maior capacidade de decisão, são raros os casos em que esses atributos são desenvolvidos sem educação, sem "o conhecimento directo que cada um tem das próprias experiências".

André Ferreira disse...

(continuação)

Se a consciência é algo que se adquire com experiência, os animais não-humanos, não me referindo à sua totalidade pois nos humanos não há uma percentagem total de sucesso nesse aspecto, também são disponíveis para a reter. Vejamos, um cão se fizer algo errado e se for castigado será atreito à posteriori a não cometer a mesma lacuna, não referindo o que o cão fez pois o certo e o errado não são consensuais na sua definição por isso consideremos a acção errada no ponto de vista de quem supostamente tem a posse do animal. Na mesma linha de pensamento da acção "errada", se um ser humano cometer uma falha e for sujeito a repreensão por isso, terá numa situação consecutiva a consciência, assim, do mesmo modo que o cão, de não o voltar a fazer. Deste modo surge o receio, tanto no caso apresentado em primeiro lugar como no seu posterior os seres irão reagir, se voltarem a cometer o tal "erro" pelo qual foram admoestados, de forma apreensiva com quem lhes impôs o castigo pois têm a consciência que aos olhos deste último tiver uma acção "errada".

Quanto ao livre-arbítrio considero de modo igual, os animais não-humanos também possuem disponibilidade para tal, pois alguns destes, digo alguns pelo motivo já supracitado, conseguem ter a capacidade de decisão.
Admito que seja mais escasso um acontecimento em que um animal não-humano demonstre o seu livre-arbítrio e a sua consciência pelo facto de possuírem algumas limitações em relação aos humanos pois não possuem a nossa capacidade de raciocínio, no entanto acredito que são capazes de tal.

Sobre a questão da reprodução em autómatos embora um pouco apreensivo, pois dizer sim ou não no meu ponto de visão seria, de ambas as formas, um pouco displicente, deparo-me num congeminar que relembra factos negados pelos nossos antepassados que damos como verídicos hodiernamente.
"O pior cego é aquele que não quer ver" portanto admito que algo congénere ao livre-arbítrio e à consciência possam vir a ser implementados em autómatos, no entanto coloco algumas reticências a isso pois tal problema leva-me para outros parâmetros: até que ponto é que será bom um autómato ter livre vontade? Que ideias lhe vão implementar para ter uma consciência? Se tiver livre-arbítrio pode decidir e se tiver consciência decidirá de uma forma consciente para ele, logo o que me diz que ele não pode vir prejudicar a humanidade com os seus actos? Mas os humanos também se auto-prejudicam, logo terá esse autómato o "direito" de certa forma "errar" e também o fazer? Mas ele como não é humano não se irá prejudicar ou também sofrerá alguns efeitos das suas acções? Irá ele sentir?... Entre muitas outras questões que poderiam ser colocadas.

Deste modo fino esta minha opinião no debate.



André Ferreira 10ºD nº3

João Pedro Morais disse...

Boas tardes,
É a primeira vez que escrevo esplícitamente em filosofia, e devo confessar que não gosto, pois a filosofia já está presente no nosso dia a dia e está subentendida em tudo o que dizemos e fazemos.
Em tudo o que escrevo tenho manifestações dos meus ideais filosóficos e se eu disser quais são as minhas filosofias então é como se estas deixassem de o ser.
Bem, vamos directos à questão, a questão do livre arbítrio ser uma exclusividade humana, mais uma vez , confesso que não tenho jeito para falar especificamente nos meus ideais, mas vou tentar, sei qual é o objectivo da resposta: Dizer que o livre arbítrio é uma exclusividade humana pois nós somos senhores deuses do universo que descartamos o determinismo para o lado e moldamos a história à nossa maneira, somos uns rebeldes, adolescentes revoltados que de um momento para o outro decidimos quebrar o rumo natural dos acontecimentos para criar um rumo nosso. Só queremos remar contra a maré, ser diferente do resto do melancólico e harmonioso universo.
Sim, apenas nós humanos detemos esse tão prestigiado poder ao que denominais livre arbítrio.
Agora a minha opinião: TODO o ser que respira tem o poder de tomar decisões, por mais minúsculo que o seu cérbro seja ou até inexistente.
Cada um toma as suas decisões e sabem qual é a grande diferença entre esses miseráveis seres e nós?
Nós somos seres rebeldes, se por livre arbítrio se entender rebeldia, então estou completamente de apoio, as nossas decisões alteram o mundo exactamente porque sem entendermos nós querermos mudar o mundo, e os animais, os animais são mais inteligentes que nós, são mais adultos e responsáveis, pois apesar de eles deterem o poder, eles vivem felizes, o determinismo concebeu-os e eles vivem felizes assim, porque alterar o rumo, porque não viver sempre da mesma maneira quando a meneira que vivemos é feliz. Afinal de contas o que é mais importante para a vida de um ser humano? O conhecimento, ou a felicidade?
Sacanas dos filósofos, não entendem, são rebeldes, são eternos adolescentes.

João Pedro Morais nº14 10ºD